sexta-feira, 28 de junho de 2013

CUSCO, ENFIM!!!

24/06/2013

Choveu a noite toda em Puerto Maldonado e saímos de lá com o tempo meia boca. Sabíamos que iria  fazer frio na estrada, mas confesso que eu não imaginava quanto.

Quando a recepção do hotel ligou para nos acordar, já estávamos fechando as malas, eles atrasaram meia hora. Tomamos um café diferente do nosso café brasileiro... nem eu que sou viciada em azeitonas tive coragem de come-las de manhã cedo.

Vocês lembram do S.O.A.T. de ontem?? Então, o escritório não abria às sete, era às oito... O guia que faz os passeios de barco do hotel já morou no Acre e fala português bem. Se não fosse ele, não sei o que seria da gente, hoje é feriado no Peru e muitos escritórios estavam fechados. Finalmente, eles encontraram um escritório aberto e Ricardo fez o bendito seguro.

Quando saímos já era mais de 08:30h, muito tarde, nós sabíamos, mas não tivemos escolha, ontem foi domingo e os escritórios também estavam fechados. Afff!!!!!

Saindo de Puerto Maldonado

Abastecemos logo na saída e seguimos. Os postos aqui no Peru não aceitam cartão de crédito, tudo tem que ser em soles. Com certeza, vamos precisar cambiar outra vez.  

Andamos alguns quilômetros em estradas normais, passamos por muitos vilarejos, muita miséria, muita bagunça, muito triste. Depois de um tempo, paramos para abastecer numa pequena cidade e o frentista nos perguntou se estávamos indo para Cusco, dissemos que sim. Ele então nos avisou que iríamos começar a subir... detalhe, começou a chover. 

Tenho mais uma confissão a fazer, deu medo. Não sei por que, mas a ideia de cruzar os Andes só me assustou na hora de começar a cruzá-lo. Não sei se foi a chuva, não sei dizer exatamente o que foi, mas o coração bateu mais forte. Vestimos as capas...

Bem, começamos a subir a Serra de Santa Rosa e eu comecei a pedir a Santa Bárbara (conselho de mamy) para levar aquela chuva para bem longe. Era um olho na estrada, um olho no céu. Tirei as minhas luvas de frio, porque elas molham, e coloquei as plásticas, que não molham, mas também não esquentam. Tudo bem, não estava frio ainda. 

Esse pedaço de subida tem rios lindos, mas também muitos paredões, muita área com risco de deslizamento. Com a chuva, vimos muitas pedras na estrada, vimos também uma árvore caída na estrada. Tudo isso só me deixou mais preocupada, mas seguimos em frente. 

As placas não animavam nem um pouco.

O tempo era aquele, chovia e parava, chovia e parava. Eu olhava para cima, via aquelas montanhas enormes e quando eu menos esperava aparecia outra maior ainda. Continuamos a subir e em pouco tempo começou a esfriar. Para nossa sorte, o tempo começou a segurar, a chuva parou. O problema agora era o frio, as luvas de Ricardo estavam molhadas.  Continuamos a subir e vimos paisagens lindas, rios caudalosos, muitas cachoeiras, lugares incríveis. 

Atravessar os Andes não é brincadeira, a velocidade máxima que se atinge é 60km/h, e em poucos pontos. A maior parte do tempo a moto não passa de 40km/h, algumas vezes temos que andar a 10km/h, por segurança.   Prudência é o nome dessa viagem, principalmente nesse trecho. 

Quando achamos que estávamos bem alto, veio a segunda parte da subida. Aí, meus amigos, o bicho pega, é muito alto. Fomos a 4.800 metros de altitude, o frio lá em cima é de enlouquecer um, mas a paisagem é uma coisa deslumbrante. Quando saímos de uma determinada curva, vimos aquela montanha enorme coberta de neve, bem na nossa frente, uma cena inesquecível... 

O mais incrível é que tem pessoas morando nessa altitude, nesse clima. É tudo muito diferente do que eu já tinha visto... A uma certa altura, pedi a Ricardo para parar, eu precisava tirar as luvas plásticas e colocar as de frio. Paramos e eu troquei de luvas, Ricardo aproveitou e tirou as dele... coitado, a mão dele estava toda enrugada, a luva dele estava molhada com todo aquele frio. Ele colocou as minhas luvas plásticas, ligou o aquecedor de punhos da moto e as coisas melhoraram. Quando paramos na estrada, a sensação era de que iríamos congelar, minhas luvas não entravam na minha mão, acho que minhas mãos incharam. 

Passado o primeiro pior pedaço, eu tive uma crise de riso, não conseguia parar de rir por nada.... Não sei se foi falta ou excesso de oxigênio, mas eu não conseguia parar de rir. Ricardo queria que eu parasse de rir, ele ficou preocupado de eu ficar sem ar, mas eu simplesmente não conseguia. Foi ótimo, me senti bem mais leve. Achamos que já tínhamos subido tudo que tínhamos para subir, mas que nada, daqui a pouco olha a gente subindo outra vez. Mais uma vez fomos a quatro mil e tantos metros de altitude, só que dessa vez estávamos com as mãos aquecidas. 

Quando começamos a descer, passamos por alguns pedaços da estrada que estão em manutenção. Já bem perto de Cusco, fomos parados por um policial que só nos perguntou de onde éramos e para onde íamos. Dissemos, ele nos orientou e seguimos viagem.  

Todo mundo havia dito para não chegarmos à noite em Cusco, nós chegamos no início da noite. Até chegarmos ao hotel, que fica no centro histórico, pegamos todo o trânsito louco desse cidade. O que é isso??? O povo aqui é louco!! Ninguém dá passagem a ninguém, eles buzinam feito loucos, cortam por todos os lados, loucura total. 

Demoramos um pouco para achar o hotel. Estávamos cansados, com frio e estressados, mas uma boa alma nos orientou e depois de um tempinho encontramos o Taypikala Hotel. 

Fizemos o check-in no hotel, arrumamos tudo e íamos sair para jantar, mas optamos por jantar no hotel mesmo.   

Na recepção do hotel tem chá de coca à vontade, folha de coca para mascar e balões de oxigênio... Até agora não senti nada, só um pouco de cansaço ao fazer as coisas. Na recepção do hotel, encontramos um cara tomando oxigênio. Em pouco tempo descobrimos que ele é brasileiro, de São Paulo. Quando ele soube que éramos baianos e tínhamos vindo de moto, ele falou: "Pô cara, vou sair disso aqui, já estou até sem graça".  

Acho que Ricardo está sentindo um pouco a altitude, mas o querer ser forte (para não usar outro nome) não está deixando ele admitir isso. Falei para ele tomar um pouco de oxigênio, mas ele está resistindo. 

Vamos dormir, amanhã é outro dia. 

Lamento não ter tirado fotografias, com certeza elas ficariam lindas, mas a chuva e o frio não deixaram. Se na volta me for permitido, fotografo para vocês, se não, fica só em nossa lembrança. 

4 comentários:

  1. A altitude é difícil mesmo. O negócio é mascar folha de coca ! Aproveitem muito! Estamos ligados no blog. Bjsssss

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  2. Enfim, podemos chamar de Paraíso?
    Que bom Jackie que está beleza, acho que o cansaço é um conjunto de tudo que passou.O bom é que o hotel tem todo o suporte. Aproveitem e registrem tudo.
    Bjs Vica

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  3. Moro na Europa e sei o quanto o frio encomoda...take photos, make videos! Paisagens e momentos devem ser registrados. Boa sorte pra vcs. Enjoy it!! xx
    Abraço,Adriana ;-)

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  4. Jackie,
    Tenho acompanhado vocês sempre por aqui. Uaaaau .. infinitas emoções!! Os relatos e fotos lindamente colocados nos levam quase a tocar e sentir os dois a cada instante. O frio, a chuva, o medo, a beleza .. Tudooooooo maravilhoso! Adorei a crise de riso, renovadora! Fico aqui, torcendo e vibrando por tudo de bom pra vocês!! Beijo
    Chris

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